sexta-feira, 10 de abril de 2009

POESIA

UMA PALAVRA

Uma só palavra escrevi hoje em meu diário.
Tão agressiva se comparando às nuvens que passam
E tão esquecida pelos meus demônios.
Uma só palavra sem vírgula e ponto
Entre o brilho tênue de uma estrela
E a evocação de um anjo.
Um olhar me veio como resignação
Como grito de dor após a ferida
Fez-me sentir estranho no vago infinito.

Escrevi uma única palavra farta de graça
E tão crassa.
Qual ferida que não sara e arde sem chama
E com os olhos se movendo em segredo
Em direção de um espaço a meia-luz
Bailarina cheia de luxúria ao vento
E passos leves e noites e noites
Espiando a lua pálida e sem voz.

Uma única palavra ainda incompleta
Fez-me silenciar o desejo ardente.
Da frágil escultura a deslizar-me na retina
A eloqüência da alma sem nada que consente
O lado oculto de um homem sem a ilusão de si
E sem a certeza de que tudo vaga sem amor
E tudo se esvai na incerteza de que a vida
É um passo a frente sem nada sentir.

Uma palavra sem data ou sem verso
Semelhante a uma serpente voraz
Que insinua roubar a esperança
De um espírito olhando sobre espelhos frágeis.
Qual mistério seguir além das chamas
Cobrindo a embriaguez da pálida alma
Entregue aos doces prazeres do amor.

3 comentários:

  1. Olá António! Uma palavra é sempre uma palavra, com várias interpretações e vário sentidos. Muito sentimental esse poema, muito profundo! Obrigado por partilhar esses tesouros... Sónia Vicente

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  2. António,

    Uma palavra…uma só palavra…
    Talvez nem fosse preciso escrevê-la de tão sentida que é!
    (gostei muito do poema)

    Abraço

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  3. Oi Antônio!

    Para você mando uma única palavra "saudade", única na forma de escrever, mas universal no quesito sentir.

    Beijos
    Nina

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Meu nome é Antonio, sou professor de Português e Literatura, gosto de ler, escrever, assistir a bons filmes, de futebol, de arqueologia, de história, filosofia, de mitologia, de informática, de astronomia, de manifestações culturais locais,de boas amizades, de falar e ouvir, enfim...