domingo, 22 de fevereiro de 2009


A busca humana: conhecimento e desfrute

O mito de Fausto, em versões como de Christopher Marlowe, de Goethe, de Thomas e Klaus Mann, pai e filho, procurou fornecer paradigmas para a interpretação da conduta humana. Mito ou realidade, a formação do personagem Fausto inspirou-se em um homem real, Jörg Faustus, que se indispôs contra os dogmas de religiões que prescrevem verdades absolutas como o islamismo, o judaísmo e o cristianismo, visando a desconstrução de tais discursos e, sobretudo colocando o homem num mesmo plano de discussão com o divino e com o profano.
A partir do momento em que o homem passou se conhecer melhor, a ser mais racional consigo mesmo e em relação ao outro, é que o valor de verdade absoluta perdeu força e este passou a compreender a relação antitética em sua volta. Não se pode enxergar uma coisa com uma única verdade. Um objeto pode ser visto de ângulos e proporções variados. E sempre há possibilidade de muitas interpretações que não uma única incondicional. A razão disso tudo foi a valorização do conhecimento, através dessa visão mais racional ele pode se viver em estado de equilíbrio e conformidade com seus planos de vida baseados no diálogo, no uso da razão.
O Fausto se situa entre ficção e realidade. Ficção no sentido de permitir diálogos os mais racionais possíveis entre entidades distintas que se convergem no fazer literário, sobretudo para cativar, para provocar o prazer pela leitura. E realidade no sentido que ultrapassa o mito, sendo mito, pois o Fausto foi inspirado em um homem real, ignorante diante de causas desconhecidas. Diferente de heróis mitológicos como o Édipo, como Adão, que só existiram na imaginação dos poetas e escritores. A um tempo que Fausto desconstrói toda uma verdade religiosa absoluta, procura estabelecer diálogos distinto entre humanos e deuses ou demônios, isso para mostrar que o conhecimento pode permitir o poder e esse “poder” é que permite desfrutar os prazeres da vida.O conhecimento, visto pelas religiões monoteístas como fonte de todo o mal, é a razão para o equilíbrio, para o desfrute, para a libertação humana de uma suposta verdade única. Adão quando copulou com Eva foi expulso do paraíso e obrigado a trabalhar para seu sustento, assim como Fausto, para adquirir conhecimento e prazer teve que vender a alma ao diabo. Como q ue desvendando um mistério divino e sagrado, o homem através do conhecimento pode buscar equilíbrio entre o sagrado e o profano, essa relação de antítese se presta à desconstrução e reconstrução de novos conceitos, novas organizações internas e externas da vida. Estão na dialogia os meios para as sucessivas reconstruções humanas.

Um comentário:

  1. Adorei esse texto......conhecimento, uso da razão e diálogo, coisinhas básicas para manter um certo equilíbrio na vida. Na sociedade em que vivemos, existe uma grande procura pelo conhecimento, mas infelizmente há uma grande desordem no sentido de controlar as emoções e dialogar. E de que adianta conhecer e não saber compartilhar, não saber dividir?
    N.i.n.a

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Meu nome é Antonio, sou professor de Português e Literatura, gosto de ler, escrever, assistir a bons filmes, de futebol, de arqueologia, de história, filosofia, de mitologia, de informática, de astronomia, de manifestações culturais locais,de boas amizades, de falar e ouvir, enfim...